Aqui em São Paulo é comum vermos os tais “sanduíches naturais”. Algumas vezes mais saudáveis do que outros tipos de sanduíches, normalmente eles são feitos em pães de forma (brancos, pretos ou integrais) e incluem alface, tomate, cenoura, beterraba ou outros vegetais.
De toda forma, muitos deles contêm
requeijão, maionese, frango desfiado, atum, peito de peru, presunto, chester,
salame, patê ou outros ingredientes.
Desconheço a origem do sanduíche
natural, mas creio que o termo “natural” diga respeito única a exclusivamente
ao fato de ser ligeiramente mais saudável do que os sanduíches que levam
frituras ou então ao fato de conter um ou outro produto natural.
Vejamos: o pão, via de regra, é
industrializado. No caso de haver maionese ou requeijão, são industrializadas
também. Se a alternativa for patê ou é industrializado ou é feito à base de
maionese industrializada. Se contiver queijos e frios, idem. Resta então, de
natural, uma ou outra folha de alface, quem sabe uma cenourinha ralada, uma
fatia de tomate ou, no máximo, uns fiapos de beterraba.
Mas quando se fala em “natural”
nosso cérebro já associa a algo saudável e de baixa caloria. Não sei quem foi
que inventou o raio do termo “sanduíche natural”, mas ponto pro marketing!
O mesmo se dá com os chamados
“restaurantes naturais”.
Muitos restaurantes se auto-denominam
“naturais” ao invés de “vegetarianos”. Eu costumava freqüentar um restaurante
dito natural, em formato de buffet, na Avenida Paulista, que tinha algumas
opções de alimentos com frango e peixe.
Outros restaurantes naturais são
vegetarianos, mas por que não se denominam assim? Por que preferem o termo
“natural” ao termo “vegetariano”?
Concordo que os auto-entitulados
restaurantes naturais que eu já freqüentei oferecem mais opções de saladas,
sucos, frutas e alimentos saudáveis do que a média dos restaurantes “normais”.
De modo geral, os alimentos contêm mais legumes e verduras e em sua maioria são
assados, não fritos.
Ainda assim, todos, sem exceção,
utilizam produtos industrializados!
Vejamos: o oposto de natural
seria artificial, correto? Dessa forma, podemos considerar a carne um alimento
natural, já que é produzida pela natureza e não em laboratórios (por enquanto,
porque existem cientistas testando alternativas para produzir carnes ou
assemelhados em laboratórios). Assim, um restaurante que se auto-denomina
natural a princípio não deveria deixar de oferecer carnes em seu cardápio, mas
sim, utilizar alimentos exclusivamente naturais, o quê não ocorre.
Não compreendo o motivo da
denominação “restaurante natural” ao invés de “restaurante vegetariano” (para o
caso dos restaurantes ditos naturais que não servem nenhum tipo de carne).
Arrisco a suposição de que o
termo vegetariano “espante” clientes não vegetarianos, como se fosse sinônimo
de “insosso”, “sem gosto”, “sem graça”, sei lá. Já o termo “natural”, mesmo
para os que comem carne, soa apenas como saudável e não como “insosso”.
De toda forma, isso é apenas uma
suposição.
Mas que o termo “restaurante
natural” é equivocado, isso é! Para ser natural, não poderia utilizar nenhum
alimento industrializado, nenhum alimento que contivesse corantes ou
conservantes, nada enlatado!
Restaurantes vegetarianos, assumam-se
como tais! Há cada vez mais não vegetarianos que freqüentam restaurantes
vegetarianos e com a variedade de receitas e ingredientes disseminados hoje em
dia, creio que poucas pessoas ainda consideram a comida vegetariana como
sinônimo de insossa.
Alguns restaurantes são melhores,
alguns indivíduos gostam mais, algumas receitas são mais saborosas... mas
considerar toda e qualquer comida vegetariana como sem graça é coisa do
passado!
No caso dos restaurantes que não
oferecem carnes de nenhum tipo, é mais correto o uso do termo “restaurante
vegetariano”. O cliente entende que nesse estabelecimento, não irá consumir
carnes. E releva, sim, a presença de ingredientes industrializados na confecção
dos alimentos.
Em relação aos restaurantes ditos
naturais que ainda oferecem carnes brancas em seu cardápio, creio que poderiam
dizer “culinária saudável” ao invés de “restaurante natural”. Seria mais
adequado e confundiria menos os clientes.
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