Quando
eu estava grávida eu ainda comia carne branca, mas por ironia do destino, o
primeiro alimento do qual eu enjoei foi o frango: comi um frango enrolado
recheado em um restaurante colombiano lá em Santiago, onde passamos o reveillon
de 2009 para 2010. Eu estava ligeiramente desconfiada que eu estava grávida,
mas ainda não tinha certeza. Eu sei que depois daquele frango, vomitei
literalmente na rua (que me perdoem os chilenos!) e até hoje, só em pensar
nele, me arrepio.
Depois
desse episódio passei mais nove dias no Chile, onde se via “pollo” por todos os
lados. Só a pronuncia da palavra em espanhol já me enjoa! Não consegui comer
mais frango lá. Peixes nem pensar e carne vermelha eu já não comia. Passei nove
dias comendo saladas deliciosas e tomando suco de morango.
Quando
eu voltei para o Brasil e a minha gravidez foi confirmada, pronto: as pessoas
diziam em coro “agora você vai precisar comer carne!”. E tudo o quê eu menos
queria ver na frente era carne, mesmo que fosse carne branca.
Na
época, comentei com o meu médico, Dr. Jair e ele me disse “coma o quê tiver
vontade”. Sendo ele tão descomplicado, descompliquei também. Passei a gravidez
todinha sem comer carne vermelha e do enjôo até o final eu praticamente não
comi carne branca. Aliás, a gravidez foi a época mais vegana da minha vida, porque
mesmo os queijos, que eu sempre adorei, me enjoavam. Resultado: meu filho
nasceu saudável e perfeito.
Uma
amiga perguntou “você vai dar carne para o seu filho?” e eu “lógico!”. Não
acredito em imposições de tipo algum. Da mesma forma que, gostando ou não, os
meus pais aceitaram a minha opção por não comer carne, vou permitir ao meu filho
que ele coma carne e decida por si mesmo, se vai ou não ser vegetariano (bem
como a sua religião, a sua profissão, etc.).
(E
sobre o vegetarianismo infantil abordaremos aqui também, em outro post...).
Da
mesma forma, tenho uma amiga no trabalho cuja filha, um ano mais velha do que o
meu filho (que tem 5 anos hoje), não gosta de carne. Ela come nuggets, porque
as crianças nunca associam os nuggets congelados e tão lindamente apresentados
em caixinhas de supermercado ou deliciosamente preparados por aquelas lanchonetes
que dão brinquedinhos com o lanche à carne. Mas a menina não come outras carnes,
nunca gostou, desde bebezinha. Todos os pediatras por quais ela passou insistem
que a menina precisa comer carne, mas ela não come. Ou seja: tanto a minha
amiga, quanto o marido dela, carnívoros convictos, bem que tentaram seguir as
orientações dos pediatras, mas não conseguiram e hoje respeitam a opção da
filha de seis anos de não comer bife, nem lingüiça, nem aqueles sedutores
coraçõezinhos de churrascaria.
Um
sobrinho da minha tia, com apenas três anos, também parou de comer carne,
espontaneamente, quando entendeu que o porquinho que ele via brincando (ele
mora em um sítio) era o mesmo que comiam depois, nas refeições. Parou de comer
carne vermelha e em seguida, frango, quando entendeu que o mesmo se dava com a
galinha.
Crianças
formulando esses pensamentos por si mesmas, sem nenhuma influência da mídia, de
campanhas e muitas vezes até mesmo contra os hábitos dos seus familiares
indicam, a meu ver, que a única saída é o respeito: quem come carne, respeita
quem não come e vice-versa.
Não
creio que se deva impor a uma criança a escolha que o adulto tomou de ser
vegetariano. Mas também acredito que hoje em dia muitas crianças desde cedo
optam por não comer carne e essa escolha também deve ser respeitada.
Quanto
à saúde, aos nutrientes, etc. não há motivo para pânico. Falaremos disso tudo
por aqui e muito mais, além de dicas de receitas para mães desesperadas, mas a
minha opinião é de que os vegetarianos devem sim passar por acompanhamentos
médicos, como qualquer um! Quem garante que uma pessoa que come carne consome
todos os nutrientes necessários? Até mesmo quem come de tudo corre o risco de
comer alguns nutrientes em excesso ou ter alguma deficiência de outro
nutriente, seja pela própria dieta, seja por uma questão orgânica.
Portanto,
a minha opinião aqui defende o livre-arbítrio, que permite aos que gostam de
carne comer carne e aos que não gostam ou não querem, sejam quais forem os
motivos, que tenham essa escolha respeitada.
Isso mesmo!! Vegetariano consciente! Os carnívoros precisam respeitar a opção dos vegetarianos. Sempre respeitei a opção de minha filha, pois sei como é difícil não gostar de algo comum. Na minha infância e juventude, quando não tinham as múltiplas opções de lanches de hoje, era muito complicado eu explicar que não podia nem ver manteiga ou margarina!! Nunca experimentei e nem mesmo gosto de escrever a palavra, dá náuseas e arrepios.
ResponderExcluirRespeito naquelas né, se vier em casa, carne não passará kkkkk
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