sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Vegetarianismo consciente

Ser vegetariano (ou vegano) já é pra lá de polêmico (ainda que sob a ótica coletiva, o vegetarianismo só traga benefícios), agora imagina criar um filho ou filha dentro da mesma opção?

Quando eu estava grávida eu ainda comia carne branca, mas por ironia do destino, o primeiro alimento do qual eu enjoei foi o frango: comi um frango enrolado recheado em um restaurante colombiano lá em Santiago, onde passamos o reveillon de 2009 para 2010. Eu estava ligeiramente desconfiada que eu estava grávida, mas ainda não tinha certeza. Eu sei que depois daquele frango, vomitei literalmente na rua (que me perdoem os chilenos!) e até hoje, só em pensar nele, me arrepio.

Depois desse episódio passei mais nove dias no Chile, onde se via “pollo” por todos os lados. Só a pronuncia da palavra em espanhol já me enjoa! Não consegui comer mais frango lá. Peixes nem pensar e carne vermelha eu já não comia. Passei nove dias comendo saladas deliciosas e tomando suco de morango.

Quando eu voltei para o Brasil e a minha gravidez foi confirmada, pronto: as pessoas diziam em coro “agora você vai precisar comer carne!”. E tudo o quê eu menos queria ver na frente era carne, mesmo que fosse carne branca.

Na época, comentei com o meu médico, Dr. Jair e ele me disse “coma o quê tiver vontade”. Sendo ele tão descomplicado, descompliquei também. Passei a gravidez todinha sem comer carne vermelha e do enjôo até o final eu praticamente não comi carne branca. Aliás, a gravidez foi a época mais vegana da minha vida, porque mesmo os queijos, que eu sempre adorei, me enjoavam. Resultado: meu filho nasceu saudável e perfeito.

Uma amiga perguntou “você vai dar carne para o seu filho?” e eu “lógico!”. Não acredito em imposições de tipo algum. Da mesma forma que, gostando ou não, os meus pais aceitaram a minha opção por não comer carne, vou permitir ao meu filho que ele coma carne e decida por si mesmo, se vai ou não ser vegetariano (bem como a sua religião, a sua profissão, etc.).

(E sobre o vegetarianismo infantil abordaremos aqui também, em outro post...).

Da mesma forma, tenho uma amiga no trabalho cuja filha, um ano mais velha do que o meu filho (que tem 5 anos hoje), não gosta de carne. Ela come nuggets, porque as crianças nunca associam os nuggets congelados e tão lindamente apresentados em caixinhas de supermercado ou deliciosamente preparados por aquelas lanchonetes que dão brinquedinhos com o lanche à carne. Mas a menina não come outras carnes, nunca gostou, desde bebezinha. Todos os pediatras por quais ela passou insistem que a menina precisa comer carne, mas ela não come. Ou seja: tanto a minha amiga, quanto o marido dela, carnívoros convictos, bem que tentaram seguir as orientações dos pediatras, mas não conseguiram e hoje respeitam a opção da filha de seis anos de não comer bife, nem lingüiça, nem aqueles sedutores coraçõezinhos de churrascaria.

Um sobrinho da minha tia, com apenas três anos, também parou de comer carne, espontaneamente, quando entendeu que o porquinho que ele via brincando (ele mora em um sítio) era o mesmo que comiam depois, nas refeições. Parou de comer carne vermelha e em seguida, frango, quando entendeu que o mesmo se dava com a galinha.

Crianças formulando esses pensamentos por si mesmas, sem nenhuma influência da mídia, de campanhas e muitas vezes até mesmo contra os hábitos dos seus familiares indicam, a meu ver, que a única saída é o respeito: quem come carne, respeita quem não come e vice-versa.

Não creio que se deva impor a uma criança a escolha que o adulto tomou de ser vegetariano. Mas também acredito que hoje em dia muitas crianças desde cedo optam por não comer carne e essa escolha também deve ser respeitada.

Quanto à saúde, aos nutrientes, etc. não há motivo para pânico. Falaremos disso tudo por aqui e muito mais, além de dicas de receitas para mães desesperadas, mas a minha opinião é de que os vegetarianos devem sim passar por acompanhamentos médicos, como qualquer um! Quem garante que uma pessoa que come carne consome todos os nutrientes necessários? Até mesmo quem come de tudo corre o risco de comer alguns nutrientes em excesso ou ter alguma deficiência de outro nutriente, seja pela própria dieta, seja por uma questão orgânica.

Portanto, a minha opinião aqui defende o livre-arbítrio, que permite aos que gostam de carne comer carne e aos que não gostam ou não querem, sejam quais forem os motivos, que tenham essa escolha respeitada.

2 comentários:

  1. Isso mesmo!! Vegetariano consciente! Os carnívoros precisam respeitar a opção dos vegetarianos. Sempre respeitei a opção de minha filha, pois sei como é difícil não gostar de algo comum. Na minha infância e juventude, quando não tinham as múltiplas opções de lanches de hoje, era muito complicado eu explicar que não podia nem ver manteiga ou margarina!! Nunca experimentei e nem mesmo gosto de escrever a palavra, dá náuseas e arrepios.

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  2. Respeito naquelas né, se vier em casa, carne não passará kkkkk

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